domingo, 9 de abril de 2017

Só quero que tire tudo

Os acadêmicos do hospital vão até o leito 11 conhecer o caso. Selma, 42 anos, internada na ginecologia para retirada da mama. Magrinha, do sorriso amarelo, de pele cobreada e cabelos curtos, Selma conta com palavras diretas:
- É, eu descobri num exame de rotina né. Aí já falei com médico que podia tirar logo. Mas eles enfiaram um fio, tiraram a biópsia. Aí depois decidiram tirar só um pedaço né, pra deixar o peito. Só que aí agora recebi o resultado do pedaço, e tinha mais câncer. Então vou tirar o resto.
- Vai tirar a mama inteira então dona Selma? 
- Isso, agora sai tudo
- E vai reconstruir?
- Ah eu falei com médico. Só quero que tire tudo logo! O importante é tá bem, tenho três filhos pra cuidar, depois eu penso nisso.
O professor intervém e explica: Foi discutido com ela que poderíamos fazer só a mastectomia simples, ou poderíamos já fazer a cirurgia com a plástica, numa abordagem reconstrutora, que envolveria colocar prótese. Seria necessário protése também na mama contralateral, para deixar simétrica. A outra opção é uma reconstrução posterior, após a recuperação da primeira cirurgia.
Acenando em concordância com o professor, nossa paciente torna a dizer:
- É mas eu só quero que acabe com isso logo. O peito a gente resolve depois
Uma das acadêmicas, curiosa, acaba por questionar:
- E o marido Dona Selma?
A mulher é categórica: - Acabou de sair dum infarto, não tá podendo ter essas atividades lá em casa não! Até porque com meu peito preocupo eu

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