Trazia todos os exames de rotina, e a filha anunciou que a diabetes ia bem (três dias antes haviam passado na endocrinologista). Já o braço doía, quebrado pela terceira vez por cair da cama. "Mas tudo bem, já to acostumada, já me aconteceu muita coisa minha filha" falava Alzira para a acadêmica que a atendia "quando ainda nem era grávida dessa daqui viajei a cavalo para a cidade, no caminho a gente teve que dormir no relento e uma caixa caiu e quebrou meu dedo..."
"Mãe não é isso que ela perguntou! O braço já tá quase recuperado, a gente tá acompanhando direitinho com o Reumatologista. Ela quebra fácil porque têm osteoporose."
Continua por um tempo a entrevista, numa danca de histórias interrompidas por respostas objetivas da filha. Ouvimos do marido que morreu mas não sabemos como, ouvimos da vez que a filha nasceu (parto em casa) mas não conclui-se o conto. Entre a impaciência da filha e as "necessidades" objetivas do atendimento, coletamos trechos de dona Alzira.
Para o grand finale, a contadora de histórias pega na mão da acadêmica ao fim da consulta e pergunta
"Tem marido minha pequena?"
"Não, estou solteira dona Alzira"
Em tom pausado, como quem conta lembrando, ela aconselha: "Olha, não tenha medo de arranjar marido não. Não fica com medo do rebolado não!" Pausa com risos. "To há quarentas anos sem rebolado porque o marido morreu, e faz falta viu...
Mas arranja um marido bom, que ai o rebolado é bom, e tudo é bom!"
Em tom pausado, como quem conta lembrando, ela aconselha: "Olha, não tenha medo de arranjar marido não. Não fica com medo do rebolado não!" Pausa com risos. "To há quarentas anos sem rebolado porque o marido morreu, e faz falta viu...
Mas arranja um marido bom, que ai o rebolado é bom, e tudo é bom!"
A filha, meio corada de vergonha, começa a arrastar para fora do consultório a mãe, que, sem se calar, repete algumas vezes: o rebolado é bom, não foge não!
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